Foto: https://marciatigani.prosaeverso.net/perfil.php
MÁRCIA TIGANI
(BRASIL – SÃO PAULO)
Nascida na São Paulo dos anos sessenta, Márcia Tigani Machado, ou Marcia Tigani como é mais conhecida, desde muito cedo manifestou interesse pela poesia e pela escrita , escrevendo seus primeiros versos aos 9 anos de idade.
A vida encaminhou-a em direção à Medicina aos 16 anos, na profissão que escolhera por vocação. E assim trilhou seu caminho pela área médica, na especialidade de psiquiatria, guardando seus escritos timidamente para si , até que em 2010, incentivada por grupos de poesia dos quais participava no Orkut, voltou a escrever com mais assiduidade. Desde então, Márcia Tigani vem paulatinamente "em busca do tempo perdido" nas letras,participando de antologias, concursos,sites poéticos, blogs, congressos de poetas e escritores e grupos poéticos variados no Facebook e Orkut, sendo algum de seus poemas premiados em concursos na internet.
Em 2010 participou do lançamento de sua primeira Antologia Poética em Pádua (RJ) e a seguir em Porto Alegre, na Antologia "Poemas à flor da pele" ,volume 4 ( 2010) e volume 5 (2011) e da Antologia de contos e crônicas da mesma editora(SOMAR). Em maio de 2012 lançou em Maceió(AL), em companhia de outros poetas, a antologia “Um universo ecologicamente poético", com temas relativos à preservação ambiental. Participou recentemente, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo de 2012 da Antologia comemorativa dos 30 anos da Editora Scortecci de São Paulo e da Antologia "Café com verso" pela Editora Delicatta".
Em agosto de 2012, na Bienal Internacional do livro de São Paulo lançou seu primeiro livro solo de poesias, intitulado "Caminhante_ prosas e rimas ao vento", já à venda em seu site do Recanto das letras ( www.marciatigani.prosaeverso.net).
Marcia Tigani é membro do portal de poetas brasileiros e portugueses, organizado magistralmente por Iara Melo (PORTAL BVCE_ www.portalbvec.net/). Seus poemas podem ser lidos em seu site de escritora:www.marciatigani.prosaeverso.net
Com o poeta e crítico literário, Claudio Daniel, participa desde 2016 dos Cursos de escrita e poesia e das Oficinas de criação literárias, ministradas pelo referido poeta, e participou de plaquetas organizadas pelo curso de criação literária, como " Poesia em tempos de barbárie", " A noite dentro da ostra" e " 80 balas, 80 poemas" dedicado ao músico Evado assassinado pelo Exército no Rio de Janeiro.
Sua poesia é de resistência, de engajamento político e de crítica à toda forma de intolerância, opressão e barbárie. Gritos sob forma de versos por humanismo e igualdade de direitos humanos.
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DANIEL, Claudio. NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica. Capa: Thiti
Johnson. Cajazeiras: Arribação, 258 p.
ISBN 978-85-6036-3333365-6
Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda
PALIMPSESTO
I
olho da santa nua,
olhos de cobra coral,
arco na íris, arisca,
envelhecido em tonel,
derrama líquido
sob vítreas úveas.
II
olho de sogra (delito)
sobre desejo de nora,
olho opaco, granito
sem veios, irriga córnea,
seco como olho da terra,
catarata como olho do pai.
III
seres etéreos vigiam
a olaria celestial,
suas escleras em delírio
veem pernas de fauno,
entalhe na pedra,
olivas no campo.
IV
obeliscos de selênio
dissipam nuvens de chuva,
ventosas tragam ventre
de Vênus em sexo venal,
o olho transfixa a pele,
estilete penetra a carne.
TIÊ-SANGUE
Leva-me saíra, pela restinga.
Sou também vermelha
e retirante como tu.
Leva-me em teu voo
seminal e retilíneo
pelos arquétipos da mata.
Entre cantilenas de canindé,
em cima do pau-d´arco,
leva-me contigo, tiê0-fogo,
que também sou sangue
e tenho sede, muita sede.
Cacimbas saciam securas
e, entre tijucos e tucumãs,
ouço um silvo reticente.
Elevo-me sobre paturis
e, em voo rasante,
sinuosa e arquejante,
descubro mitos desvelados
no canto das rezadeiras.
Desvendo o fruto verde
dos imbés e dos dendezeiros,
sonhos rubros de tiê-sangue
no sangue tupi das benzedeiras.
PAREIDOLIAS
Um gineceu
revela seu estigma.
Rosácea e húmus
entrelaçam-se
e se separam.
Tudo translúcido como feixe de
luz,
efêmero e fluído,
como vapor.
Sambaquis
expõem suas conchas
que se enroscam,
desmancham-se
como resinas no ar.
Eu desenho em sépia
o entardecer:
seus tentáculos
de polvo
abraçam tucunarés.
Geleiras derretem-se
como sorvete.
Sépalas diminutas,
em forma de rosa,
engolem aguapés.
Uma flor em miniatura,
rubra como exantema,
fecha-se ao Sol.
Acenam-me ao longe
tucumãs e palmeiras,
seminais,
simbióticos,
assimétricos.
A noite, enfim,
atinge minhas retinas
e me lembra (como sextantes)
dos meus desertos.
*
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Página publicada em setembro de 2024
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